sábado, 10 de dezembro de 2011

Sem medo!

Cuidadosamente descuidado
Evoco forças devastadoras
Teu corpo pronto a ser profanado
Em meu, aleatórias, sedutoras
Mãos devaneando, alicio teu olhar
Mordendo nervosamente o lábio
De soslaio aprecio teu respirar...
Ímpeto instantâneo tão louco como sábio
Flamejante, vou descendo o nível.
E teu templo tão inexorável
Ao meu cerco total exequível
Abala do óbvio ao improvável
Soro sóbrio de meu lado perdido
Negro como a noite em terreno baldio
Onde sou o carrasco apático, fodido
Pelo tempo que aqui não passa!...Sorrio...
Enquanto esventro entidades de merda
Gastas pela erosão do meu machado
De guerra, só chora a perda
Do caralho que me foda, meu próprio fado
E agora gracejo na cara do perigo
Sem receio nem pudor do meu lado sombrio,
Quem me rege? Um demónio tão meu amigo
Que fornico em uníssono c'as gotas d'um rio!

Sérgio Rodrigues

3 comentários:

  1. Sabes, acho que tens textos com um vocabulário e com imagens tão ricos que tenho pena que as vezes, a existência da rima mate o significado do verso.

    De resto, foda-se, que forte!

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  2. obrigado, apenas acho que são escolhas... a mim, pelo menos, sinto que o rimar dá-me mais liberdade não só para diluir o assunto como também para passar sensações e sentimentos, em prosa acho que não conseguiria passar exatamente a relação "imagem mental/sentimento" que quis passar no poema

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