domingo, 21 de outubro de 2012

Sinto sentidos

Sinto falta das cicatrizes
Falta desse cadavérico rosto
Dos devaneios onde meretrizes
Ateavam o interior fogo posto...
Mórbidos desejos alucinados
De mente demente atarantada
Mutilada por facas dentadas
Que rasgam a pele e a carne
Soqueio a parede, indomados
Socos descontrolados, irada
Essência... Mãos ensanguentadas!
Logro de não alcançar o cerne
De uma questão nunca perguntada
Marcas numa parede não destruída
Lágrimas numas mãos estropiadas
Grito de um espectro sem vida
Que tortura a alva alma por ti fodida!

E chora a criança que em mim se aloja
A cada gotícula pura e inocente estática
Um negro arcanjo de lá se forja
Que nem flamejante espada indecente, prática
Para o mais pútrido dos seres criado
Ou o mais pestilento ainda por criar
De deturpados leitos, nos membros grudados
Dos leigos com feliz sorriso por deturpar...
Conheçam a merda das minhas trevas
Imolo-vos num sacrifício profundo
E com ímpeto, seguro-vos pelas entranhas
Aduzo-vos à mais bela visão do mundo!

Sérgio Rodrigues

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