quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Concúbito

Eu tenho um desejo que é pecado
Copular com um virginal demónio
Fornicá-lo noite adentro, ritmo descontrolado
Morrer literal num orgasmo antagónico
Ofegante até ao nascer do dia
E vê-lo desfazer-se em cinzas
Quando a luz solar lhe tocar nas linhas
Voluptuosas delineadas do corpo perfeito
E falecer imolado no fogo do nosso leito
Rasgar-lhe a pele endurecida
Até só ver tecido muscular
Ser de benevolência carecida
Não pares de me esquartejar
Ah, meu Deus... Tanto tesão
Espanca-me, esmaga-me em pedaços
Por O invocar em vão
Tens de me prender os braços
Senão parto-te a espinha contra a parede
E não acalmo nem acalmarei
Enquanto tiver fôlego e sede
Sede do sangue recíproco que se mistura
Aquele cujo eu implorei
E agora me afaga... Degluto-o como um rei
Levado de semblante repleto de loucura
Gritamos, rosnamos com um clímax inesperado
Sofro de demasiadas sensações neste apogeu
Caímos sem vida, lado a lado
Agarras meu coração na tua mão, e eu no teu!

Sérgio Rodrigues

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