quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Meu cárcere (meu quarto)

Perco-me num triste cigarro
Único, queimando lento,
Em húmidas lágrimas me agarro
Auto-flagelo sangrento
Controlo-me emudecido,
Soltos
São os gritos da libido,
Pontos
São vários onde o mesmo apago
Em meu corpo agora marcado
Sinto-me simples orago
Não suficientemente mutilado
Falta-me o gozo de te magoar
Penetro teu olhar, com malícia
Esfaqueio teu abdómen até drenar
Toda tu' matéria excrementícia,
Suportas
Minha demoníaca face ensanguentada
Mortas
Tuas mãos trémulas... Apenas nada
Só medo, dor, ira, euforia... Ira!
De meu riso ensurdecedor,
Cinzas viras nesta grotesca pira
Confeccionada com amor
Terror, horror
Dor, cinzas sem cor,
Odor
Putrefacto, fétido e eu selado... Bafio
Amargo... E eu só neste quarto vazio...
Sombrio... Frio...

Sérgio Rodrigues

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