domingo, 31 de março de 2013

Par de Reis

Eles eram dois
Sem ser um par
Eles foram dois...
Pontos no vasto mar
Sorriam juntos
Num fugaz alor
Traziam defuntos
Em seu antro d' amor
Bonnie não era
Clyde não foi, nem será
Nem uma Era
Esse amor merecerá
Em leito eles não perduram
Não assassinam
Apenas mutilam e torturam
Assinam quando pilham!

Parecem perecer envenenados
Como Romeu e Julieta
Lado a lado, prostrados
À queda certa
Incertos nas decisões
Decidindo bélicas guerras
Interiores íntimas convulsões
Golpeando conquistas térreas
Paradoxais ortodoxos dogmas
Cleópatra!
E marco "Antónimo"
Alcoólatra
Anónimo, seu sinónimo
Alónimo venerado como epónimo
Páris furtivo furtou Helena
Menelau impugnou com guerra declarada
A fim d' uma Tróia crestada
Munido de toga e lena
Helena...
Foi pioneira na paixão
Como Penélope que viveu,
Que a tantos deu caixão
Chegado barbudo Odisseu
Só reconhecido pelo cão
Retornado, testado, não se demoveu

Ela foi como Sherazade
Contando contos a Shariar
Ele foi túmido de vaidade
E inverteram de lugar
Alugaram tantos luares
E por acaso não houve ocaso
Mas o caso teve mil e um esgares
E os trejeitos sempre deram azo...
Por isso "musa", nosso fado
É um desobstruído arbítrio destinado!...

Sérgio Rodrigues

Dedicado a uma ostentosa musa muito valiosa, o vale cor-de-fogo, o lume luminoso que me queima os pensamentos...

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