quinta-feira, 28 de março de 2013

"Tapada"

Baloiças no baloiço que tange
O dorso que minhas mãos impingem
Correntes tilintam, madeira range
Movidas, demovidas, comovidas
Pelos prantos chuvosos que nos tingem
As faces laceradas, compungidas
Caras marcadas
Cardadas caras
Descartadas...
Encardidas pelo que saiu caro
Neste improvisado estendal
Distendo, estendo, encaro
O libidinoso vestido em teu corpo sensual
Original quadro casual...
Quem desdenhar tal imagem
Será indiano por momentos
Cairá à margem
Alvejado... Jaz junto
Dos outros defuntos
Já pestilentos...
Musa não serás importunada
Esvoaça intemporal no âmago do nada
Balança-te em sorrisos
Enquanto os torpes tropeçam
Em seus próprios jazigos
Que nos invejam e almejam
"Manducar" vivos
Em jeito depreciativo, fugazmente "opino"
Efémero é o incentivo
P' ra quem assassino!
- "Réu incómodo, sentença de morte
Porém, se pela vida implorares
Talvez tenhas menos sorte"
Deploráveis mares
Teus olhos ardentes
Na percepção de seres Deusa destes
Bajuladores permanentemente
Forçados a sê-lo, seguidores
Idólatras de teu oscilar sem precedente
És ara desta demente
Igreja, orada apartada
Do mundo real
Soltas uma satírica risada
Que reverbera pesada
E és designada
Com' um "Anjo do Mal"!...

Sérgio Rodrigues  (Dedicado a uma sonhadora desenhada entre sonhos...)

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