sexta-feira, 3 de maio de 2013

Musa Reclusa

O local longínquo
Onde tudo se passou
Recinto contíguo
Contigo começou

As correntes
Aprisionam-te os membros
Persistes
Insistes
Até ao momento dos movimentos...
Lentos...
Recorto-te os mesmos
E mesmo separados
Soltos, enxertados
Sangram drenados
Ainda os sentes, por segundos
Esmorecem golpeados
Fracos, exânimes, moribundos
Ensanguentados!

Sorvo a sobra dos líquidos
Sanguíneos, cálidos
À força servidos
Fervidos, esquálidos
Agora pálidos
Agora retomo o baixo-ventre
Estropio-o c' os lábios
"Entressachando" entre
Os vários
Diversificados cortes
Outrora decorridos
Por outros "orates"
Endoidecidos...

Não tanto quanto eu
Não penso por direito
Mas por direito tomo o qu' é meu
Não sou louco por defeito
Sou algo mais:
Maluco, tolo, demente, alienado
Com problemas mentais
Em ser perturbado, tresloucado, desnorteado
Em paradoxais
Pólos opostos o maior desmesurado
Incuto-o ao lamber
O jorrante sangue de teu corpo trucidado
O que te faz viver
São vínculos de sal grosso em papel amarrotado!
Por enquanto...
Vais respirando...

Teu rosto é dissimulado
Por manchas escarlates
Criand' um estranho camuflado
Apenas teus olhos rutilantes
S' encontram intactos
Estáticos, estacados
Estancados
São quase como dois poços
De fogos
Regozijantes
Apaixonantes
Por ventura demasiadas vezes
Trapaceados...
Acredita, não os quero trapacear
Crê, muito menos ludibriar
Confia, só os quero trespassar
Decepar-te e comigo os arrecadar

Visá~los sempre que for
Do meu agrado
Contê-los ao meu dispor
No porto grado!...

Sérgio Rodrigues

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