domingo, 19 de março de 2017

Rima pobretanas, o tanas!

Sinto teu sopro
Dedilhando meu cabelo
Se me contrarias pró
Prosaico me saio
E sem (querer) sê-lo
O sou sem dó
Fulminado pelo
Raio,
Corisco só!...

Com carisma de gaiato
Aparento o desregrado
Rio-me no bambolear
Do perigo
Canto no ribombar
Do fado
Tão triste quanto grato
A mim!... A mim me mato!...
E que é de César? Amigo,
Morto por aparato
Que seja de real quezília
Assassinado,
Ao menos que seja por família!...

"Mait belae apud deae"
O mais belo olhar
Cujo tive o gosto de analisar
De tão teu, às
Deidades sacrificar
Sacrilégio puro
Deificar!...
Não​ vos aturo
S'em pleno desconjuro
M'acusais de nem rimar
Ser um nó no rumo
Seria eu pescador
Se sem aprumo
Ser pintor
Pudesse eu o mar de castanho pintar
E nele pescar
Atado ao fundo
A foguear,
Moribundo...
Quinaria feliz
O mor-petiz
Perdido ao rubro
Rubricado a ouro
Airoso tesouro
O juro?... Eu cubro!...
Eu juro!...
Sou impuro
Contudo, sou nada
Deixar-te-ia tentar-me a mudar
Sei que nem sabes se me quero salvar
Caminho na estrada
Aproximo-me ao afastar
E tu, meu leito... D'húmus, sal e mar!...

Árion

terça-feira, 7 de março de 2017

Poderia dizer-me poeta

Poderia dizer que sinto
Saudade de teus lábios
Se fosse de meu gosto
Sequer beijar!... Sábios
Bebericando tinto
De tão tontos dizem o oposto!...

Podia falar por acaso
Se fosse Pessoa
- Não é o caso!...
Podia (m)amar-te no momento
Se fosse Bocage
Podia ejacular de tormento
Caso amasse bondage
Podia andar, vaguear à toa
Se fosse e fumasse Garret
Limpar o teu chão
Se fosse Almeida!...
Ahaha! Congeminar um não
Se fosse Almada!
Mesmo assim almejar tu' peida
Pim! Ah!... Martirizada
Se fosse Dante!...
Pant! Pant!
Podia conquistar-te, duelar por ti...
Se fosse Vaz sem dois tostões
Suspirar por ti em mi...
Se fosse Camões!...
Querer-te sem te querer
Se fosse Platão
Querer-te morta
Se fosse William
Ou caso fosses um rapagão,
Sócrates poderia ser...
Sendo um tadinho, pam! Pam!
Bateria à tua porta!...

Porém, não sou poeta
Um nada-afecta
Sou areia astral cosmonauta
Um verme (e não Verne)
Que verte conteúdo sem cerne
Em linhas sem pauta
Ofertar-te-ia tudo
Mas nada possuo p'ra te dar
Toma meu corpo, mudo
E muda o mundo em prol de o derrubar!...

DEmogórgon

sábado, 4 de março de 2017

um par de parvos

Nunca conversámos
Porém, quando conversávamos
Dizias-me ser eu um ser
Triste! E eu taciturno
Retorquia não ser um ser, (sequer)
Já então inundavas
A minha noite com teu diurno
Sentimento!...
Não me desaconselhavas
Sem momento
Nem, (sequer), me importunavas
Nessa era, era mais risonho, lamento!...

Eu nunca fui,
Sou, seria se... Ou serei
Triste! Apenas deprecio
O mundo, que não flui
O senão, sem brio...
Vejo-o como sei
Talvez como ele, prolixo,
Eu próprio seja! O lixo
Tóxico da Via Láctea
E tanta hástea
Depois... Fomos crescendo
O cabelo foi aumentando
Eu fui lento, fui lendo
Tu foste falando...
Sem nada sermos
Fomos sendo
Dois corpos ermos
Pendo, mas nem entendo
O quão do quanto fomos dançando
Tu vê-lo belo, eu vejo-o horrendo
Num beijo vivê-la e a vida?!... Vamo-la fumamando!...

Demogórgon