sábado, 20 de janeiro de 2018

In medio virtus

A vida é um barco deambulante
Oh, Musa! Nas mudas marés
Poderá um'ode ser errante
Se s'iniciar in media res?!...
Posso não ser o mor-hábil
A compartilhar meu sentir
Saudade que sinto? É táctil...
Do meu vexar ao a reprimir
Viandas em meu pensamento
Enquanto,
Jornadeio em teu olhar
Tanto,
A congeminar
Como a foçar sem fundamento,
Alento,
E sem forçar
Recorro ao teu encalço
Ao teu regaço
Ao teu abraço
De ti sedento!...
Sitibundo!...
Onde o lascivo e o imundo
Escalam fundo
Até me perder,
De prazer, No teo mundo!...

Imergir em teu néctar
Como um canibal
Eximido do racional, Lecter!...
Contacto canib...Hannib... Animal!...
Em leito lato, fogo imenso
Satisfazer-te? Meu ofício
Lamber-te as entranhas? Tusso, tenso
És mais que um vício!...
És mais que um sonho
Que sonho apaparicar
Tacteando tu'nívea tez
Síncrono ao teu regozijar
Gozo às Vossas Mercês!...
O qual também disponho
O qual tão bem aponho
Sem demandas nem porquês
E sem roupas! Vamos lá ver!...
Não há quentura como a pele do ser
E não há modas no nu prazer...
Há sim o som num tom risonho
E há mais que um tom magenta
Ouve-s'um ofegar que não s'aguenta
Vê-se o sabor, sal, pimenta!...
Privo-me de palavras pecadoras
Já falei demais senhores e senhoras
Do qu'a mente assenta!...

Desconheço o total critério
Em crer e querer a união
Nossa... Nossa! Ao impropério,
És mais qu'a Natureza em força, és mea Estação!...

Sérgio Rodrigues