terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Falso cadafalso

O ermo caminha sem caminhar
Acompanhado pela solidão
Em busca dum certo olhar
Olhando sua pessoal perturbação

O falso poeta promete
Não prometer concretizar
Porque já prometeu sete
Vezes não voltar a amar
Tantas quantas pecados
Que cometeu
Seu...
Fardado fardo dos "fados"
Que em vários passados
Tentou abjurar...
Ele deliciou-se com teu
Aliciante mar ocular
De delineada voluptuosidade
Recortada de ansiedade
E emudeceu...
De todas as formas curvilíneas
De teu corpo, aquelas que o olham
São as mais apelativas
Tão sugestivas...
Em sonhos seus, seus lábios te tocam,
Te beijam,
Te molham,
Te desejam
E nunca se fartarão
De desejar
O vão perdão
De prevaricar...

E se ele for acusado réu pecador
Por descrença na diferença
Manter-se-á indiferente, e com alor
Aceitará tal congratulada sentença
Por se sentir merecedor...
Içará o semblante,
Orgulhoso
Declamará divagante
Versos de errante,
Impetuoso
Avançará em frente
Sempre indiferente:

- "Por mea culpa
Me culpabilizo
De bater tu' vulva em polpa
Te profanar o riso
E te lamber os seios
Sem olhar a meios
P'ra t' ouvir gritar,
Gemer,
Rosnar,
E tecer
Uma pequena estrada
De devaneios
Como uma louca parada
Sem rodeios
E em loucura perder discernimento
Desprovido de lógico pensamento
E chupar, sugar toda tu' orgástica
Secreção
Culpado m' assumo por tal fantástica
Actuação,
E não me arrependo por nada,
Voltaria a fazê-lo em dose redobrada!"

Criminoso assumido
Arguido fustigado,
O algoz corrompido
O deixa enforcado,
Pescoço partido,
Dedo meão sublevado,
Bambolear contido
E um circense sorriso estampado!...

Sérgio Rodrigues

PS: Oferenda destinada a uns belos castanhos-azuis olhos, de uns míseros azuis-azuis envoltos em cegueira.


Sem comentários:

Enviar um comentário