terça-feira, 29 de novembro de 2016

Tenho os dias contados
Em ampulhetas disformes
Nunca ludibriarei o tempo
Há sonhos finados
Outrora, lento

Outrora, somes!...

Rodeado de anjos caídos
Ouço ruídos
Sons distantes
Tendem a ranger os dentes
Ouço-vos gargalhar

Dói-me o corpo, despedaçado
Arde-me o interior desgraçado

Dôo produtos d' outrém
Em grupos de crápulas
Purgo-me sem
Rasto nem
Escritas cábulas
Sou a força de quem
Subsiste em fábulas
Antes Sócrates que ninguém
O poeta prevaricador crucificado em tábuas!...

Demogórgon

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Nem sei porque continuo
A regurgitar vocábulos sem sentido

Vero agastamento, amuo
Inócuo sentimento
Do poeta perdido
Anda desprovido de vontade

Éter não lhe dá apetite

Prejudica a idade
Renega a elite
Em tribos sem estirpe
Falam como serpe
Em mente torpe
Rivalizam com neandertais
Índoles precárias demais
Vivem como animais
Encantam irracionais
Luxuosos barcos à deriva num cais

Amam a estupidez

Megeras com lobos, talvez
Ouvem sem escutar
Regem-se pelo "ar"
Tontos de idiotice sem tema
Escutem a mensagem deste mísero poema

Demogórgon

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Philos de Sofia

Onde pára a poesia?
Por ventura
No diário de Sofia!
Não existe dor nas palavras
Pálidas sem textura
Textos... Excertos de nadas...
É nessas sopas
Que tu nadas?
De letras banhadas
Em caldos de merdas
D' águas amaldiçoadas?
Em cada padre filho da puta
Há um Deus
Que não me rege
Regentes de meia tuta
Quereis luta?
Deixai-me ser herege
Viveis do sangue de ateus
Seus chupadores de óstias
Cabrões, eunucos, hipócritas!
Sois um só uno rebanho?
Só se for de cabras
Puros? Nem com banho!
Angariando fundos
De mentes fracas
Fracos! Porcos imundos!
Deveríeis morrer crestados
Num colossal espeto
Espetados em vossos crucifixos
Na vossa seita
Nem me meto
Mas... Crianças inocentes
Consagradas com beita...
Acusais demónios indecentes
Malevolentes
Maldizentes!
Vós é que sois demoníacos
Seus pulhas doentes!
Desfilando na praça
Pujantes, possantes
Em toda a vossa e Vossa Graça!?
Que graça...
Quereis engraçado?
Podeis baptizar a Terra toda
Com fiéis pagantes p'ra viverdes de graça...
Ide em paz, com o caralho que vos  foda!...

D3mogórgon

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Eneotriplodemo

Sê tu, maldito!
Ris-te com os dentes todos
Torturas-me em vida...
Desprovido de modos
Tenho-o dito!
Ditas-me a sina sem lida
Lida comigo!
Eu já tenho lugar cativo
Em teu lar infernal, (enfermo-AL)
Aqui, de nada sirvo
Sê meu amigo
Pactuei contigo, afinal....
Pai, dá-me um final!...
Acaba com a minha raça!...
Arranca-me deste globo condenado
E condena-me a mim
Pune-me, ó desregrado
Fuzila-me em pública praça
Larga meu cadáver
Num poço sem fim
Encarcera-me em ácer
Para nunca mais retornar, a existir
Eneatriplo-DEMO! Torna-me éneo
E deixa-me... sucumbir!...

Ródio Servantes

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Isto não é um desabafo, é uma asserção!...

Isto não é um desabafo, é uma asserção!...
Não há pachorra para a vontade de abceder quaisquer tipos de segregações asquerosas, quiçá fétidas, torpes e involuntárias de outrem (ou trens), dos quais refutam o seu mesmo videirismo.
Sim, falo desses ignóbeis transeuntes que cirandam , odres("quem nem um cacho"), importunando aquilo que e quem se atravessa no seu caminho!
Oh, Sérgio, mas que temática trivial... Que se foda! Como se alguém por acaso lesse esta merda! 
(Riso quase maleficente)
As três pessoas e meia que se dedicam à leitura destes escritos orates suportam bem algumas obscenidades, aliás, elas próprias em alguma situação ou outra devem recorrer à utilização de algumas asneirolas.
Bem, voltando ao cerne da questão. Não consigo compactuar com essas bestas que estando a roçar o ponto da alucinação alcoólica, verdadeiros moribundos, se julgam uns super-heróis e não conseguem assumir, nem sob juramento, o seu estado lastimável e e mormente acusam os outros seres em sua volta, animados e inanimados de serem a causa da sua decadência.
Sim, a essas bestas cúbicas híbridas deificadas no "Super-Uva-Fermentada", eu digo: devíeis falecer!
Só é pena o facto de... isso nunca acontecer. Qualquer queda que uma entidade destas sofra faz ver àquelas belas asiáticas contorcionistas do "cirque du soleil" como se proporciona um dinâmico show onde uma pessoa se assemelha o mais possível a um molusco desprovido de estrutura óssea. Ou um bivalve, caso a jaqueta caia em cima do indivíduo, logo após um trambolhão aparatoso. 
Estes espectros de gente não descobriram a fonte da juventude, porém inventaram uma espécie de "Santo Graal" que os vai protegendo da senhora de negro, pudera, a senhora das trevas não deve ir labutar repleta de sangue no álcool! Além disso, já não vai para nova e longe dela a vontade para tais andanças... O Indiana Jones é que era parvo, em vez de andar a arriscar a vida a saltar precipícios, a fugir de almôndegas megalíticas e à chicotada a Árabes devia ter-se ficado pelo balcão de um qualquer botequim e aí se ter deleitado com bebidas espirituosas a fim de um estado de ebriedade constante. Hum... Como é que eu vim aqui parar?... 
Ora bem, em suma, esses bebedolas deviam ser todos raptados por alienígenas e sondados analmente, mas só os mafarricos, àqueles que estão no seu canto desfrutar da sua alienação sem azucrinar ninguém, nada contra e assim se mantenham, felicidades! Já os outros, amigos, a embriaguez não é uma carta branca para poderem extravasar sem cuidado pelo mundo em redor nem desculpa o facto de serem uns biltres! Vá, aprendam a ser uns alcoólatras com maneiras, ou pelo menos, à maneira...

Sérgio Rodrigues
       

sábado, 27 de agosto de 2016

(Mini) Aborrecimentos

Meu querido blog, hoje germinou em mim uma vontade intrínseca de dissecar várias temáticas (im)pertinentes no âmbito de pequenos efémeros "agires incomodozinhos" que me maçam momentaneamente. Tendo total conhecimento de poder ser alvo de críticas e/ou impropérios das cerca de três pessoas e meia que possam por ventura e porventura vir a ler estas minhas humildes grafias, fá-lo-ei, mesmo assim.
Adiante! Enervam-me, de facto, pessoas que redigem num pequeno blog, páginas (particulares ou públicas) de redes sociais ou basicamente nalgum tipo de site compartilhado, como se se dirigissem a um daqueles diários pessoais trancafiados com informações comprometedoras, famosíssimos nas séries "teenager" dos anos noventa. Pois se produzem textos cujo conteúdo é de culto particular de nada podem protestar caso tais informações sejam partilhadas ou extraviadas.
Exasperam-me entes que definem percentualmente indivíduos recorrendo à utilização de numeração decimal, pois se desejam referir um certo e determinado padrão não podem descurar a consistência. Três pessoas e meia? Ou se mencionam espécimes humanos cabalmente ou mutilados, agora misturar ambos, não! Num avião podem viajar cerca de sessenta passageiros, quarenta por cento homens, cinquenta por cento mulheres e dez por cento crianças, já no despenhamento do mesmo podem ser encontrados quarenta e sete cadáveres e meio. Ou mesmo se em pleno voo existirem três vítimas de amputação, serão sessenta viajantes na mesma, porém apenas cinquenta e sete existem como portadores de corpo integral relativamente a, por exemplo, dois ponto sessenta e três pessoas, dependendo do corte da própria amputação e/ou do tamanho de cada toco.
Abespinham-me sujeitos que concordam com quaisquer premissas proferidas e logo de seguida demonstram desconhecimento essencial para a total compreensão das mesmas. Tomemos por exemplo aquando de minha afirmação numa conversação aprazível:
- "Já reparaste, por acaso, na semelhança não apenas física mas também expressiva de Jerry Seinfeld comparativamente a Ricardo Araújo Pereira? Quase podiam ser irmãos"
Ora atentemos à resposta:
- "Ahahah, engraçado, por acaso já... Quem é esse tal de Seinfeld?"
NÃO concordem com frases, carecentes de pensamento prévio, vá, atenção a isso!
Enfim, embravecem-me fulanos que se predispõem a ofertar juras de amor aos respectivos cônjuges que ao princípio parecem promessas extremamente românticas, mas que depois se vai a ver e afinal, não, nomeadamente algo do género, "ah, môr, se pudesse dava-te a lua!" Ou seja, dar-te-ia um satélite natural desprovido de atmosfera e vida, onde pudesses sufocar e falecer numa dor agoniante e terrível, devido à falta de ar respirável, ah, e sozinho, com todos os teus entes queridos a 384.400 km de ti. Ou por exemplo, "ai,môr, se pudesse oferecia-te todas as estrelas do universo", para que pudesses ser consumido pelo fogo e arder infinitamente pelos confins do cosmos, quase que dá a sensação de ser agradável, em vez disso, de ser enviado enviado para o inferno de Dante!
Preferia a condenação que Zeus concedeu a Prometeu, ao menos ele foi salvo por Hércules e Zeus era conhecido como furioso, irascível e implacável. Não prometam tais inépcias, obrigado!

Sérgio Rodrigues
   

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Nosomania por existir

Tempo, porque de volta
Não me levas?
Sara-me da ânsia, revolta
Re-volta à inexistência
Sem luz nem trevas
Cura-me da sapiência
Dá-me "curare" para beber
Brindarei ao sabor do não saber
E sem saber saberei
Quão bom é não viver!...
Onde nada sentirei...
Fulmina-me!...
Assassina-me!...
Farto ando eu de viajar
Por onde não pertenço
Trata lá do meu finar
Como é mais-que-pretenso!...
E reserva-me um lugar
Sem fim nem começo
Nada mais te peço
Nem precisa ser... Imenso...
Algo a baixo preço
Um T0, isento de berço
Tal qual a minha vida!...
Tal qual a minha morte!...
Tempo!... Vá lá... Bilhete só de ida!...
A bordo de um barco que me aborte!...

Giovanni Rodin

terça-feira, 9 de agosto de 2016

"Paxorra" p'ra isto, pá!

Em conversa com outrem, sim, outrem, pois não existe em mim intenção de nomear certos e determinados indivíduos, pois penso que já lá vai o tempo de fomentar ideais de linchamento ou de um qualquer ajuntamento de gente a fim de estropiar alguém, num magote munido de forquilhas, foices, sacholas ou outros instrumentos agrícolas formando uma leve armada, um pequeno exército especializado em dizimação de diminutas localidades rurais.
Bem, voltando ao cerne da questão. É-me difícil compreender o facto de alguém em conversação amena me tentar explicar o usufruto exagerado da consoante "x" em palavras que padronizadamente não são redigidas com a própria.
A explicação assemelhada a desculpa surge (quase) sempre contígua à expressão "é p'ra facilitar", o que, per se, justifica bastante bem, pois "pressionar" a tecla "x" é muito menos trabalhoso que "carregar" na "s". Ora tomemos o exemplo "não xei" por vez de "não sei" ou até abreviando "n xei" ou "ñ xei" (dando um gostinho castelhano), está na cara que facilita! 
Pronto, provavelmente recorro aqui à utilização de um caso que funciona a meu favor. Bem, vamos esmiuçar isto.
Tomemos agora como exemplo a oração "não xei a q horas xego".
De facto, a priori, parece facilitar, no entanto neste preguiçoso acto egoísta ocorremos facilmente no erro fulcral de não pensar nas diferentes maneiras em que diferentes entes tendem para uma diferente leitura da própria consoante.Não reneguem já o raciocínio.
Há gente, muito bem, que lê na sibilante, "s", porém existem também lendo a mesma como uma junção de consoantes e vogais, nomeadamente "cs", "quese", "que-se", "ch", ou "tch", não esquecendo as que assimilam como "z", raros casos, todavia existem!
Não será de um egocentrismo enorme assumir que todo o mundo lerá tais barbáries ortográficas de igual modo? Sim, podem perceber pelo sentido , claro, mas não seria bem mais altruísta perder esses 1.7 segundos por premissa em prol de um mundo melhor?
Bem, melhor será um pouco exagerado... Um mundo mais correcto, em ambos os sentidos da palavra.
Finalizo com uma simples reflexão:
- "Penchem profundamente xé este o tipo de pechoas que dezexamocs para o futuro do nocso pequeno paíx... Poics, zatinho, não é?
Paçorra p'ra isto pá!"

Sérgio Rodrigues

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Téitulo é cousa par fidalguia

Gostaria de me sentir
Néscio, nédio como um Xá
Persa!... E já agora, ir
(Sem pressa) finando, lá
Longe, longe de um lânguido
Mundo, abalar
Vivendo ou viver inibido
No sufoco dissentido
Cresce em mim o fartar
Não podendo viver farto
Grito-vos na face
(A qual quero), mas não vos parto
Se bem que se ela quebrasse
Seria um regozijo
No entanto, finjo
Querer respirar
Inalo burrice
Aguento nem estar
Degluto parvoíce
E o que mais me aborrece...
A preponderante estultice
Desses filhos de uma benesse!...

Giovanni Rodin

terça-feira, 26 de julho de 2016

Títulos é cousa par pacóvios!

Às moiras... Tecelãs
Do destino
Destas terras vãs,
Sem futuro nem tino
Num globo de tantãs
Como não há
Sequer um energúmeno
Munido d' arma... Pá!...
Nem nume no
Nem lume nu
Nem lume num
Altar que me apague!...
Sacrifiquem-me... Pum!...
Do pum ao traque
Mafarricos de fraque
Ando eu e o mundo cheio
Que acabem em baque
Bach me perdoe, dei o
Saque!...
Onde ser laico é feio!...

Giovanni Rodin

terça-feira, 19 de julho de 2016

Demiurgo

Sou eu
Que nem vos pertenço
Que vos condeno
Como réu
Deus inextenso
Seus filhos de uma pútrida!...
Em cena do ceno-
lógico, em vossa árida
Mente, mentiu
Quem vos convenceu
A não cultivá-la!...
Chiu!...
Peguem fogo a Prometeu!...
Enrolem o linguajar
E no que vos iguala
Não há igual ao vosso quinar
Em meu parecer
Vosso perecer
É do mais belo que ar(gh)!
...

Giovanni Rodin

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Aportugáliados

No passado dia 10 de Julho sucedeu algo que solucionou grande parte dos problemas que apoquentam este nosso pequeno grande país. Se estás a pensar... Sim... Isso mesmo... Portugal finalmente conseguiu sair da estagnação económica!...
Não, estou a brincar... Portugal sagrou-se campeão europeu de futebol, em França, com uma vitória tangente e emotiva contra a selecção francesa!
Julgo ser a maior conquista portuguesa desde que Pedro Álvares virou ali, em África, na rotunda à direita, descurando a atenção pelas placas sinalizadoras e foi estatelar-se na costa sul-americana. Ai, o Cabral!...
Toda a situação é caricata e confusa, a meu ver, não somente por toda a emoção embutida neste jogo inapropriado para pacientes cardíacos, mas também por toda a multiculturalidade do mesmo.
Dimitri Payet, um atleta francês, que joga num clube inglês, lesiona Cristiano Ronaldo, futebolista português, membro de um clube espanhol, logo no preâmbulo do jogo. Mais perto do final, Portugal, pugna até chegar a um golo vitorioso marcado por Éderzito Lopes, um atacante luso-guineense, que por sua vez joga num clube francês... 
Ufa! Um pouco irónico... Só espero que apesar da façanha, não perca o emprego!
Nas ruas portuguesas levantaram-se tumultuosos cânticos, louvores e até insultos, entre outros sons animalescos para todos os gostos.
Todavia, o meu compungimento vai para com os gauleses. Então depois de toda a situação "Charlie" e das problemáticas sobre terrorismo em França, ainda mais este transtorno?...
Não, estou a brincar... Toda a temática futebolística não me aquece nem me arrefece, apenas quis partilhar contigo esse grande dia que ficará gravado nas nossas memórias, 10 de Julho, o dia internacional da pizza, cuja me acompanhou enquanto não assistia ao confronto, isso e o jerricã de cerveja. Pois os sumérios e os romanos dificilmente discutem "bola".

Sérgio Rodrigues

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Parricídio

Pendo num porto, parto...
Parte de mim peca
Sem pudor de dor me descarto
"Alá" carte, meia-leca!...

Lendo o caminho
Por onde não vou
Vou voando ali-a-(his)tória-mente
Ao sabor do vinho
Ao sabor da corrente
Do que não sou!...
Mas, se algo fosse
Seria já alvejado
À queima-roupa fulminado
Tirar-me-ia a tosse

Cof... Cof!...
De bafio e enxofre
Sofre!...
Desejo o mal e o mofe
A um final medonho
A um final de sonho
A um final afogado em sangue
Um banho fétido, onde "sais de minerais"!...
Final langue
Carregado de réstias viscerais

Aedo

terça-feira, 26 de abril de 2016

VS 'SOA

Parabéns Fernando!...
Todo o teu legado
Foi em vão
Desde o teu eterno descanso
Ao nascimento inadequado
Cansado, não?
Então, as coisas, são como são?
Ah! Seu cão-conformado!...

Mas obrigado, do fundo do coração
As tuas palavras quase-eternas
Deste quase-mundo-cão
Ainda correm tantas tecno-cavernas
De ignorantes e imbecis
Que te pensam compreender!...
Que pensam... Saber... Escrever...
Copiam absinto com anis!...
Mas, anima-te! Pobres diabos, coitados, energúmenos
A que saberá um filho de letras
Navegar num mundo de números?
Mas, que sabes tu? Que sei eu?
Sou só um tretas
Contaminado pelo fogo de prometeu
Que poderás tu sentir?
Não és tu o mor-fingidor?
Finge agora, estupor!...
Finge não estar morto, ao menos um pouco!...
Ouves William a rir?
É o som da vida de um canalha louco...
És um "ser ou não ser"
Um "não" não-inexistente
Que me pegou uma doença que não existe!...
E quem te insiste em "ler ou não ler"
Paciente de dor impaciente
Bela merda de Pessoa que me saíste!...

Será que sorris à toa
Quando (tantas vezes) nos comparam?
Será que soa
Um pouco rouco quando se deparam
Com o facto de não gostar da tua Pessoa?
Ou à senilidade de eu achar
Um piadão a tudo isto?
Pronto, se é teu desejo calado continuar
Eu não insisto...
Mas um dia
Quando dia não houver, se calhar
Há alguma garantia
De respostas, então?
Hunf! O mais certo, é o dia chegar
E em mim não haver questão!...

Árion

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Apoplexia

Todo o mundo se rege
Ao sabor da circunstância
E a dor que vou saboreando
Jornadeia na sege
Da cor da ânsia
Cioso no ócio e errando
Sem valor de galanteio
Sem valor de primazia
Primo me outorgar
Encostado no seio
Desta dor vazia
Opilativa, tão teu ar!...
Sou tão não eu, contigo...
Até me afogar
Novamente, no mar do fado!...
A fada do meu jazigo!...
Onde jaz um olhar
Tão malfadado!...
Porra! Abate-me de uma vez
Sem me deixares sonhar
Com o credo da minha mesma morte!...
Ao menos talvez
A fulminação do tear
Que tece em linhas ténues da minha má-sorte!...

Árion
(Em prol de R.)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Pecado venial

Caçadores de meia-tigela
Abundam no mundo
Estremando o próprio como cardápio
Se de injúrias me inundo
Culpo a Terra-cadela
E a quem quer deglutir meu marsápio!...

Aí vem! Venho-me em vossa indignação
Nunca almejarei ser dignitário
Ou digno d' uma sociedade em negação
Nego-me a ser otário
Serei então...
Totalitário!...

Fui possuído por tal neo-musa!...
A princípio fui insípido
Rápido, ríspido!...
Mas logo o sápido
Levou à tusa
Puxa!... Nívea face!...
Contrastante com seu negro humor,
Humilhou-me! Que se grasse!...
É gratificante gotejar de tal dor!...
Seus olhos se arrastam e a mando
Seu olhar seduz,
Pois se vai aclareando
À medida que vai chegando
Independentemente de qualquer luz!...

Seu corpo se subjuga
À normalidade,
Ameno, mas imposto e certo
Titubeante à idade
Um reflexo ilustre do que não sou
Sorriso correcto, ao longe e ao perto
Acompanhado de pensamento incerto!...
Sou um logro e logo desperto
À realidade obtusa
Quando me perco
No teu contorno, Musa!... Fusa!...
És a mor-pêga das que se apegam
A essas impero-meretrizes
Qu' o olho do Diabo esfregam
Masturbando-lhe as antíteses!...
E tu, acariciando-as a elas!...
Quase ejaculo um regozijo
De visões tão belas
Desenha-me em telas
De membro rijo
Enquanto finjo
Desconhecimento delas!...

E mesmo que temas perder
Este vislumbre fixo
Temo eu mais dissolver
O sonho prolixo
De te corromper!...
Porque sou lixo e só te quero ser!...

Árion

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Pogonofilia

Vale a pena lutar por um mundo
Em que não se crê?
Crer no fundo não querer indo
Ao sabor de quem ouve mas não lê
Não querer estar à mercê
E nada merecer?!...
Perecer, finar, esmorecer!...
Nem será tal fatalidade possível
A um ente ante a vida sem a viver
Onde há tanto ser invisível
E quase ninguém é... Intransponível!...
E quem grita de pé, não passa de alegórico
A profetizar uma alegoria
Desprovida de alegria
Não passando de um actor categórico
De baixa categoria!...
Pregando euforia
Fora eu! Ageustia
Desses reis que vivem nédios
Passando fome de intelecto
E seu cérebro sem tecto
É base de uma construção de tédios!...

Árion